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domingo, 29 de março de 2015

Três fugas e dois encontros

Todo mundo sabe que hoje em dia engarrafamento não tem mais nem dia, nem hora. Ontem, pleno sábado ao meio-dia, levei duas horas e meia pra fazer um percurso que normalmente, com trânsito fluindo e contando os semáforos, leva 15 minutos.

Saí do Leblon ao meio-dia e pra fugir do engarrafamento, peguei outro caminho pra chegar na Lagoa. Caminho livre até o túnel, onde estava tudo parado e não dava pra fugir. Queria pegar o elevado na saída, mas o engarrafamento me assustou, ainda mais porque estava sol e estou sem ar. Assim que fugi por baixo. Mais à frente, tudo parado de novo. Pensei em cortar por dentro e fugi entrando na rua onde meu pai mora.

Nesse momento vi a moto do meu marido estacionada em frente da casa, ele tinha saído com meu pai e foi até ali de moto. Vou deixar um bilhetinho! Joguei o carro pro lado e assustei o cara que estava atravessando a rua. Meu irmão! Saí do carro e batemos o maior papo, deixei o bilhetinho que de longe meu marido pensou que era uma multa e fui pra casa feliz, pegando outros tantos engarrafamentos depois de umas tantas outras fugas.

Valeu o encontro com meu irmão. Valeu ter deixado meu marido feliz (apesar do susto). Porque a gente nunca sabe onde nossas escolhas vão nos levar! Mas fica a dica: escolha, siga em frente e não olhe pra trás!! Aproveita pra perceber os presentes do caminho escolhido, que às vezes a gente nem repara porque está muito preocupado pensando nas oportunidades perdidas nas escolhas que deixamos pra trás. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Em momentos de crise, orai e vigiai


Todos nós temos nossos universos particulares onde gravitamos ao redor das diferentes esferas da nossa vida: família, trabalho, mundo interior. Mas não estamos sozinhos neste mundo e é através dos relacionamentos pessoais dentro das nossas várias esferas que entramos em contato com as esferas das outras pessoas, formando um verdadeiro emaranhado de conexões (dá até um nó na cabeça só de pensar!). Não bastasse as peculiaridades inerentes a todos e cada um dos aspectos citados, não podemos esquecer que também existe a esfera da realidade em que estamos inseridos: nosso bairro, nossa cidade, nosso país, o mundo. E isso também muda o tempo todo. 

Da mesma forma que aprendemos a lidar com o que está perto de nós, o que está longe nos afeta. Mas não podemos mudar o mundo, apenas a nós mesmos. Então, o que fazer quando a gente olha em volta e percebe que o mundo está em crise? Os impostos aumentaram, a luz está mais cara, o transporte público é limitado, o transporte particular é um suplício, os políticos roubam desenfreadamente e com a cara mais lavada, nosso país está indo pro buraco, o dólar disparou nos últimos 6 meses, o desemprego se instalou no mundo inteiro e a violência de seres humanos contra outros seres humanos nunca foi tão gratuita.

Desde o que me afeta diretamente, como o aumento da conta de luz, até o que me afeta mesmo estando longe, como as ações desses malucos extremistas religiosos, posso dizer que meu centro está em paz. Olho em volta e confio que tudo isso vai passar um dia, que tudo é cíclico, que não há mal que pra sempre dure, que o sofrimento deve ser encarado como aprendizado, que momentos de crise são ótimas oportunidades para o crescimento pessoal e o fortalecimento da nossa fé. E quando falo em fé, não se trata de religião. Fé é algo pessoal, religião é apenas um meio disponível para entrar em contato com nossa fé. 

E então me vem à cabeça essa frase famosa, “Orai e vigiai”. Não sou estudiosa da Bíblia, mas sou fã de Jesus. Não sei em que contexto ele disse isso, mas tenho certeza que se aplica aos momentos de crise. “Orai”, no meu entendimento, significa se conectar com essa força maior que nos envolve e nos guia, e que alguns chamam de Deus. Significa lançar ao universo nossas aflições e angústias tendo a certeza que elas serão recebidas por aquele que cuida de nós.

“Vigiai” tem um sentido bem amplo, cabendo muitas interpretações. Pra mim, é o prestar atenção nos acontecimentos, nos sinais, nas oportunidades que nos chegam e que na maioria das vezes passam batidas. Prestar atenção nas respostas às nossas aflições. Mas também nas nossas próprias atitudes, nossos pensamentos, nosso discurso. Pensamentos ruins minam nosso próprio eu interior. Palavras lançadas ao vento não voltam, mas carregam toda a energia que imprimimos nelas. É nossa obrigação prestar atenção nos nossos pensamentos, na energia que colocamos em nossas palavras, evitando fofocas e maledicências para não poluir nosso universo particular e contaminar o universo daqueles que nos cercam e que não merecem receber o nosso lixo, pois já estão lutando com seus próprios demônios.

Por isso, em momentos de crise, orai e vigiai. Se conectar com o sagrado de cada um e estar atento pra quando a resposta chegar. Escolher ficar calado quando o que se for proferir não fizer bem a todos os envolvidos. Cuidar os pensamentos para cultivar um terreno saudável dentro de nós mesmos e transmitir coisas boas aos que nos cercam sempre que se der a oportunidade. Ser como as águas profundas de um lago que não se alteram quando pedrinhas são lançadas em sua superfície. Confiar que todas as preces serão atendidas, um dia.