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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Bússola e o Norte

Ela sempre sabia das coisas. Nunca entendeu muito bem como, mas no fundo ela sabia. Levava dentro de si uma Bússola antiga, muito mais antiga do que ela mesma. E muitas vezes, em vários momentos de sua vida, quando a Bússola parecia ter quebrado de vez, lá estava o Norte, fitando-lhe do horizonte, tal como um farol alumbra o mar impedindo que os barcos saiam de sua rota.

Sempre existiu uma diferença muito grande entre o que as pessoas viam nela e o que ela levava dentro. A Bússola nunca esteve quebrada, mas por alguma razão que ela desconhecia, sempre a fazia trilhar os caminhos mais tortuosos. Ela sabia que tinha razão, que existia uma razão, ainda que todos tivessem duvidado dela em algum momento. Essa dúvida a deixava triste, mas ao mesmo tempo feliz, porque refletia toda a vontade e toda a coragem de trilhar o seu próprio caminho. E ela estava só.

Um dia o Norte se perdeu. E a Bússola... Bem, a Bússola se desgovernou. O horizonte agora era breu e ela não sabia mais para onde ir. Vagou por muito tempo na escuridão, tentando recuperar a chama de algo que um dia tinha estado ali. Mas só havia frio, e ausência de luz... Ela tinha a sensação de que não era mais capaz de perceber o caminho, de reconhecer a trilha pelo tato. Todo o sentimento que existia a levava de um lado para o outro em uma busca quase desesperada do que um dia foi a sua própria vida. E ela se agarrava aos sentimentos extremos que iam surgindo, junto com os altos e baixos que lhe proporcionavam euforia e desespero. E uma terrível dor de cabeça.

No momento em que ela decidiu se recolher, se afastar de tudo e se fechar, um último alento brotou do fundo de seu ser e ela se aferrou ao que realmente acreditava, ainda que mais uma vez todos à sua volta dissessem o contrário, que ela estava equivocada. Não havia força no Céu ou na Terra que pudesse fazê-la desistir dessa vez, porque ela simplesmente sabia. E o seu saber foi comprovado, e mais uma vez ela ficou para trás. Veio a aceitação, veio o luto, veio a dor. Muita dor.

Quando ela estava descrente e cansada, sangrando por todos os poros, algo inusitado aconteceu. Acreditem ou não, o Amor bateu à sua porta. Na verdade, a porta estava entreaberta porque nunca é possível fechá-la totalmente. E ele foi entrando sem pedir, se instalando na imensidão que era o seu ser, tomando conta de tudo o que ela conhecia. E foi a coisa mais extraordinária que aconteceu com ela jamais! De uma hora para outra ela estava plena, repleta, transbordando! Ela começou a brilhar de uma maneira que ofuscava quem olhava para ela. Era tanta luz, tanto sentimento, que sua simples presença era capaz de contagiar a todos que entravam em contato com ela. Seu sorriso nunca tinha sido tão aberto, suas palavras tão doces e seus gestos tão encantadores. Ela se sentia outra pessoa e as outras pessoas eram capazes de notar isso. Ela nunca tinha sido tão ela mesma!

E então ela percebeu...
... que o Norte não se perde. É algo externo sim, mas foi colocado ali por ela mesma. Foi colocado ali para que ela não perdesse o rumo, mas que não era o mais importante.

Ela percebeu...
... que a Bússola era o mais importante. Era a Bússola que sempre apontava o caminho mesmo quando ela parecia desgovernada aos olhos alheios. Ninguém tinha nada a ver com isso e ela não precisava explicar nada a ninguém. Bastava seguir o caminho apontado, mesmo quando ali na frente só havia desertos e penhascos. Ela sabia que os campos floridos e as praias de areia branca seriam alcançados algum dia. Ela só precisava confiar. E seguir a sua própria Bússola.

Então ela entendeu que a Bússola era o seu Coração.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O rei da selva e sua cabeleira

Estávamos falando sobre os animais da selva, ele insistindo que o tigre era o mais forte. Eu disse que não, que o rei da selva era o leão, ele sim era o mais forte, o que impunha mais respeito, principalmente por causa de sua enorme juba, que na minha opinião era o que lhe havia concedido o título de rei.

Então eu perguntei "O que é a juba?"
E ele rapidamente respondeu "É aquilo molinho que eu boto na boca e chupo!"

Nunca passou pela minha cabeça que realmente existe uma juba na jujuba.... E ele deve ter se perguntado qual a relação entre aquele doce colorido tão gostoso e o rei da selva!!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ser mãe é...

... correr de um lado para o outro pela casa, antes das sete da manhã, preocupada com o relógio, para deixar a criança na escola a tempo, para não perder o ônibus, para não esquecer nada - imitando um dinossauro!!

Porque eles não correm de qualquer maneira, parece que saltitam! E as mãozinhas... Bem, são curtas, então os braços têm que ficar colados ao corpo. E tudo isso tomando extremo cuidado pra não tropeçar na criança, que vai correndo na frente, atrás de você, por todos os lados, sempre supervisionando se tudo está sendo feito direitinho e se você pode ser considerada uma legítima mamãe-dinossauro!!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A eterna espera

Estamos sempre esperando por algo. Esperamos em filas, nos engarrafamentos, pelo elevador, por aquele amor eterno que nunca chega. Esperamos nove meses para ter nossos bebês, e depois que eles nascem, queremos que cresçam logo para começar a falar, porque muitas vezes é difícil interpretar o choro. E quando falam, queremos que aprendam logo a contar, e a ler, e que tirem boas notas, e que passem no vestibular, que tenham uma carreira, uma família, seus próprios filhos, e com só alguns meses já ansiamos pela vida inteira do bebê.

De um tempo pra cá comecei a tentar aproveitar a espera. Digo tentar, porque por incrível que pareça, viver um dia depois do outro é um desafio diário (isso ficou horrível, mas a idéia é essa mesmo). A fila não vai andar mais rápido só porque estou impaciente, nem o carro da frente vai se mover porque eu buzino ou deixo de buzinar. E definitivamente, meu filho não vai crescer antes de viver todos e cada um de seus dias. E eu também. Cabe a mim decidir se quero participar disso nesse momento ou se prefiro viver de projeções. Até aquele grande amor só será "o grande amor" depois que for vivido, um dia depois do outro.

Agora, eu tento olhar pela janela do carro e apreciar a vista, tento fazer alguma coisa enquanto estou na fila, ou simplesmente não fazer nada, porque fazer nada também é alguma coisa, coisa que às vezes esqueço. Tento aproveitar cada minuto compartilhado, trocar todas as carícias possíveis e falar com o coração, como se fosse a última oportunidade, como se eu não fosse estar aqui amanhã. Porque eu posso não estar. E porque na verdade tudo o que tenho é esse momento, aqui e agora.

Dar o melhor de mim, viver plenamente, não é só fazer a coisa certa, é fazer com o coração. Porque eu sou toda coração. E apesar de toda a dor que isso muitas vezes me traz, eu não conseguiria fazer diferente. E aqui estou eu, curtindo a espera, olhando para os lados e me sentindo plena com a vista, integrada no ambiente, fazendo parte de algo maior que é simplesmente esse momento.

E você, onde você está?

Enquanto você pensa na resposta, divido minha espera com você.
E a vista é linda!! Apesar da chuva.
(Isso te diz algo??)



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Na onda de Toy Story

Impossível não gostar. Ele nasceu na época do terceiro filme (mas conhece os outros dois), se emocionou, vibrou, sofreu junto com os heróis na mão do malvado urso rosa em pleno cinema lotado, e como não podia deixar de ser, não se cansa de repetir a célebre frase de Buzz:

"Ao infinico e alim!!"

Tudo bem, ao seu modo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dicionário de Pequenês - parte 2

Ominus é ônibus (estamos evoluindo, passamos de caixas de Omo a homens nus!)

A geléia é de motocó e não tem quem faça ele falar o contrário!

Com pipoca ele toma gualalá (tão bonitinho!!)

A mamãe trabalha no pucuntador.

E assim vamos...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Caverna

Meu pequeno adora túneis e avistar um é uma verdadeira festa! Outro dia fizemos um trajeto com vários, assim que cada vez que entrávamos em um, eu gritava "Túnel, túnel, túnel!!" e ele gritava junto. Até que em um deles, depois de alguns segundos, ele disparou: "Não mamãe, isso não é túnel, isso é caverna!!"

Como discordar?? Um dia ele vai se perguntar também como um túnel pode passar ANOS sem iluminação adequada. Nem gente morrendo atropelada dentro em plena madrugada fez isso mudar...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dores de Amor

Culpa dos contos de fadas, que desde pequenas nos fazem acreditar que por aí existe um príncipe encantado que virá em seu cavalo branco nos resgatar da bruxa má, que pode ser simplesmente uma existência medíocre. Mas nenhuma vida ou forma de viver é tão ruim que não possa valer a pena, porque ainda que exista tristeza, o sol se levanta todas as manhãs nos brindando um novo dia, e o que fazer com ele só depende de nós.

O príncipe encantado também se desgastou pelo caminho, também tem seus defeitos igualzinho que nós princesas, e também está sedento de dias melhores para sua vida. Então, em vez de buscar a perfeição que não existe, eu deveria conseguir me contentar com a imperfeição que tenho em mãos e a qual ainda assim, imperfeita, sou capaz de amar. Porque eu não quero alguém perfeito que se encaixe perfeitamente na minha imagem perfeita, irreal e infantil, porque vou acabar acordando um dia sem conseguir reconhecer as virtudes daquele que está ali do meu lado. Tampouco quero alguém igualzinho a mim, imagina, aturar dois de mim! Se por vezes eu mesma não me aguento...

Eu quero alguém real, que tenha uma história tão difícil quanto a minha e ao mesmo tempo tão diferente. Para que possamos trocar experiências, compartilhar emoções, sentir prazer no simples fato de estar juntos. Não deveria precisar de declarações de amor quando sou capaz de perceber os estremecimentos que meus toques provocam na carne e o desconcerto que minhas ações causam ao espírito. Se os olhos são a porta da alma, que eu consiga ver através deles o que muitas vezes as palavras não são capazes de expressar. E quando eu for capaz de fazer tudo isso de olhos fechados, sem titubear, então estarei pronta. Porque amar, no fundo, é aquele quentinho que a gente sente por dentro quando está deitada no colo de quem a gente gosta sendo enlaçada por seus braços, ou aquele sorriso aberto que a gente dá no meio da rua porque lembrou de um momento especial compartilhado. É a felicidade que se sente por saber que o outro está presente ainda que esteja longe. É correr junto.

Mas pela estrada afora eu vou bem sozinha, meu destino está longe e o caminho é deserto, e ainda estou me acostumando com as pedras que me aparecem pela frente. Contornarei todas elas, uma e outra vez, com a persistência de um adulto e a ingenuidade de uma criança, que acreditam piamente estar percorrendo seu caminho. Porque todos eles, de alguma forma, me levam até você.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Escolhas

A vida é muito curta para desperdiçar tempo com pequenezes, embora seja nos detalhes que estão escondidos os verdadeiros anseios da alma. Quando as palavras não são mais suficientes pra expressar sentimentos, tudo o que resta é confiar no olhar que está diante de mim, confiar que meus olhos são capazes de transmitir o que vai no meu coração. E quando ainda assim isso falha... há a fé. Que me levanta do chão cada vez que eu caio. Que me faz acreditar que existe um futuro melhor. Ou simplesmente um futuro.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Frases Célebres

- Mamãe, tem uma castanha no meu nariz!! (casquinha filho, casquinha...)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Arrumadinho

Às vezes acho que meu filho tem TOC... Para uma criança de menos de 3 anos, ele é arrumadinho demais!! Talvez porque eu sempre esteja arrumando as coisas em volta dele...

Tenho o hábito de chegar em casa, tirar os sapatos e colocar ao lado da porta, quase que embaixo da mesa. E ele logo depois tira os dele e coloca arrumadinho ao lado dos meus. Não sei porquê, outro dia tirei minhas sandálias e coloquei em cima de outro par de sapatos que já estava ali. No dia seguinte, quando fui pegar seus sapatos da escola, eis que estavam em cima das minhas sandálias, num montinho quase perfeito de sapatos displicentemente deixados por ali.

Feeling like....

...the last box of the row.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O que eu sou e o que eu quero ser

Na minha opinião o que nos faz gostar de alguém, mais do que a pessoa é em si, talvez seja o que nós somos por estar com aquela pessoa.

Quando a preguiça bate, você me sacode e eu percebo, você me faz querer ser melhor pessoa! Simplesmente por me mostrar que existe hora pra tudo e que ainda não chegou domingo. E é um prazer fazer isso por você, por mim, perceber o quanto ainda tenho que amadurecer em tantos aspectos. E ser eternamente grata de poder estar compartilhando isso com você nesse momento.

O que eu quero dizer é que você me motiva, me instiga a me superar, e o melhor de tudo é que isso acontece naturalmente. Você nunca se mostrou superior, nunca se gabou, e talvez seja por isso que eu te admiro tanto, porque você sabe o que é e não precisa mostrar nada pra ninguém. E se algum dia tiver alguma dúvida, quero estar aqui pra te mostrar o quanto você vale.

Então, fica o agradecimento por me brindar a sua amizade, o seu carinho, o seu respeito, e tudo mais o que possa ser compartilhado por nós dois, porque eu espero de coração poder estar aqui pra você também, ainda que você diga que não precisa, que se vira bem só. Eu não tenho dúvida disso, mas eu estou muito bem onde estou, obrigada. Quer você precise, quer não.

Obrigada por ser tão sincero, tão íntegro, tão transparente.
Obrigada por ser exatamente quem você é!

sábado, 24 de abril de 2010

Reflexões

Outro dia recebi um e-mail sobre o filme do Chico Xavier com 3 frases que não deveríamos esquecer nunca. A que mais me marcou foi a que dizia que "a vontade de Deus não nos leva onde a graça de Deus não possa nos proteger". Isso porque muitas vezes não entendemos as "desgraças" que nos passam, não percebemos que sempre há algo a aprender e que Deus está em tudo. Desgraça vai entre aspas porque tudo na vida é questão do referencial. E o nosso próprio está tão distorcido quanto nossa vitimização permite.

Outra máxima importante é aquela que diz que "se queres conhecer a verdadeira moral de um Homem, dê a ele o poder". O ser humano é altamente adaptável e acredito que é a moral que nos sustenta nessa era de consumo exacerbado onde absolutamente tudo é descartável, inclusive as pessoas. Então me diga, como anda a sua moral? O que você fez com o poder que lhe foi dado?

Sim, porque todos nós exercemos poder sobre outros seres humanos, todos nós tocamos e somos tocados ao conviver com outras pessoas. E os abusos existem, e que atire a primeira pedra quem em momento algum abusou da boa vontade alheia ou se beneficiou de uma situação onde quem estava do outro lado era visivelmente consumido. A diferença está em se você foi capaz de aprender com os seus erros ou se foi prazeroso e fácil demais explorar outro ser humano para benefício próprio, mesmo estando ciente das consequências nefastas que seus atos poderiam ter para o outro.

Só aprendemos algo realmente quando vivenciamos o sentimento e é muito triste chegar em um ponto sem retorno, onde não há nada que possamos fazer para reverter uma situação muitas vezes criada por nós mesmos. Como o próprio Chico diz, temos o poder de recomeçar sempre. Espero que tudo o que a vida te trouxe até aqui tenha sido suficiente para que você seja capaz de dar o valor exato às coisas e às pessoas, que você seja capaz de reconhecer o valor do sentimento do ser humano que se encontra à sua frente e que você consiga a partir de agora fazer as escolhas certas.

E quando sentir dificuldade de escolher, imagine-se exercendo o seu poder sobre alguém que ama realmente e por quem daria a vida. É nesse momento que deveria ser possível identificar um Amor maior, um Amor fraterno, que permitisse a compaixão. O perdão só se faz necessário quando existe mágoa e ressentimento, mas se um dia você for capaz de ver o outro como um ser humano e aceitar o que vem dele de maneira amorosa, então o perdão perde o seu propósito, pois nessas condições não cabem mágoas nem ressentimentos. E é dessa forma que eu te vejo, isenta de qualquer emoção, mas te abraçando como ser humano que eres. Qualquer coisa que venha de ti me é indiferente, ainda que eu zele pelo teu bem-estar e crescimento espiritual. Sinceramente.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dicionário de Pequenês

Toda criança quando aprende a falar troca algumas letras, se confunde com as sílabas e até mesmo muda a palavra inteira! Então, vou colocar nesse post a tradução de algumas palavras do meu pimpolho, que não deixa de me surpreender a cada dia!

tatchi, taquis e outras variações é taxi
omus é ônibus (cada vez que ele diz isso o que me vem à cabeça é um monte de caixas de Omo empilhadas!!)
potetor solário é protetor solar
culilate é chocolate
sem-calço é descalço (óbvio, mamãe!)
estar de-cabeludo é estar descabelado
sarassauro é dinossauro
pirirói é super-herói (essa demorei pra pescar!)
pucudês é português

Conforme forem aparecendo mais, vou completando...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Tale of two brains

Ontem recebi por e-mail o link de um vídeo muito engraçado que compartilho aqui. O tema é bastante polêmico e talvez por isso tenha provocado tantos risos. A interpretação foi cômica, mas no fundo, bastante esclarecedora.

Algumas questões chamaram minha atenção:

* Sim, nós mulheres temos memória de elefante, porque os acontecimentos de nossas vidas sempre vão ligados a alguma emoção. Então, quando sentimos a emoção, lembramos do momento, e quando lembramos do momento, a emoção vem à tona de novo.

* Não, isso não é algo que nos agrada em absoluto, não amamos esse bzz bzz bzzz. Na verdade, está mais para uma maldição, já impressa em nosso DNA. Será que é possível contornar isso? Eu não sei, mas posso garantir que acontece, minhas noites de insônia e todo o meu choro estão aí para corroborar essa relação fato-emoção.

* Não querido, não ficamos irritadas porque não entendemos isso de vocês se desligarem, na verdade é pura inveja - Onde consigo uma Nothing-Box?

* E sim, na maioria das vezes só precisamos que vocês nos escutem, só precisamos de um pouco de atenção,  saber que podemos dispor de uma parte do seu tempo quando nos encontramos no meio de uma crise, que vocês estarão ali para nos ouvir, nos abraçar. Simples assim.

Não precisamos que vocês encontrem uma solução para nossas crises, nós já temos a solução, só precisamos compartilhar tudo com vocês - e não tentem entender isso. Não precisamos que vocês respondam nossas declarações ou nossos e-mails de desabafo, a não ser que tenha alguma pergunta a ser respondida. Não se sintam na obrigação de retribuir, ainda que isso seja muito agradável e bem-vindo de vez em quando, simplesmente para que saibamos que vocês estão realmente ali - não se perderam no caminho de volta da Nothing-Box.

terça-feira, 23 de março de 2010

Exposição

O pior de tudo é chorar na frente dele, porque para o pouco tempo que ficamos juntos durante a semana, loucura seria me afastar. E quando não dá pra segurar, acaba acontecendo. E é duro vê-lo se aproximar devagar te olhando nos olhos, fazer biquinho e te sapecar com carinho um beijo no rosto dizendo "desculpa mamãe" enquanto abre os bracinhos e te envolve com eles.

E igualzinho que eu fazia lá naquele ano de 2007, exceto pelo abraço correspondido, eu explico que ele não precisa pedir desculpas, porque ele não fez nada de errado. A mamãe é que tem as coisas dela e às vezes ela fica triste também e chora, mas não é por ele, que a mamãe ama tanto. E está muito feliz por tê-lo por perto.

Quantas vezes eu conversei com a barriga, porque sabia que era pior prender o choro. Me permiti ficar triste, mas com limites, e sempre conversava com ele.  Foi a melhor coisa que eu fiz, por nós dois. E parece que agora as coisas voltam a acontecer. Li em algum lugar que não se deve esconder as emoções das crianças, que elas devem ver que somos humanos e que sofremos também. Deve ser para acabar com essa idéia que somos super-heróis e começar a fazê-los ver que somos parceiros. Uma longa caminhada, e o que ainda nos espera...

Íntimo

O que fazer quando o passado dá as caras de repente sem ter sido chamado? Como controlar as emoções, onde colocar os sentimentos? E principalmente, como evitar se tornar aquela pessoa chata carente que precisa de atenção, nem que seja só naquele momento?

2007 foi o melhor e o pior ano da minha vida. O melhor porque meu filho nasceu, reencontrei pessoas queridas (...e só). O pior porque engravidei estando sozinha, meu ex demonstrou muito desequilíbrio durante todo o período (e eu também, óbvio), porque as pessoas que sairam e entraram na minha vida naquele ano me marcaram para sempre, ou porque voltaram depois, ou porque foram embora porque eu expulsei. Me recuperei só de algumas. E continuo expulsando aqueles que eu mais quero que fiquem.

Mais uma vez, pra mim mesma: cada um segue o que lhe corresponde, amar é abrir mão de todo e qualquer controle, as fraquezas e tristezas são minhas e só minhas, não adianta querer dividir com ninguém pra aliviar a carga, isso não acontece. Estar sozinha significa ter que lidar na marra com todos esses sentimentos e transformá-los em algo positivo, mesmo quando eles passam por cima de você tal qual um rolo compressor. Ninguém nunca fará por você o que você mesma não estaria disposta a fazer, então, não importa ter ou não alguém do lado, naquela hora crítica, vai ser você contra você mesma, e adivinha, você vai perder. Sempre.

Não sei mais o que dizer pra mim mesma nessas horas, é terrível saber o que não se pode fazer e ainda assim perder o controle. É muito triste não ter ninguém ao lado pra te ouvir e compartilhar teu choro, porque essa tristeza é só tua e você tem que se virar com ela. Eu não quero mais sofrer, mas acabo cometendo os mesmos erros uma e outra vez.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Declaração

A vida é como um mapa: sempre aparecerão cruzamentos que nos obrigarão a mudar de direção, a escolher um caminho em detrimento do outro, porque não é possível manter um pé em cada um deles e trilhar os dois. E eu no fundo agradeço por ter escolhido rotas que por vezes me afastaram de ti, mas só fisicamente, porque sempre te segui com o olhar. Sem isso eu não seria o que sou hoje, e nem você, e estou certa de que ambos precisávamos disso ou nada seria como está sendo agora.

Agora. O que é realmente "agora"? Onde estamos, quem somos, o que sentimos no "agora"? Difícil dizer, mas posso garantir que é diferente do que fomos ontem e do que seremos amanhã. É muito difícil viver sem projetar, sem planejar, sem ter perspectivas. Ainda que seja justamente tudo isso que nos traga tantas frustrações. O "agora" é um exercício árduo de auto-controle e de libertação, porque deixar de pensar no que pode vir a acontecer amanhã automaticamente faz com que seja possível viver o hoje com plenitude.

Minha plenitude hoje é me permitir te amar, coisa que eu nunca fiz durante todos esse anos, ainda que o sentimento sempre tenha estado latente dentro de mim. Tenho a impressão de que te venci pelo cansaço, mas não importa, é a minha impressão e pode que não corresponda à realidade, então não darei importância a ela. Porque o que sim é importante é poder compartilhar, e te agradeço por isso. Talvez você esteja também simplesmente se permitindo. É bom se permitir. Pensar demais e se enclausurar podem se transformar em uma morte lenta.

Parei de pensar, parei de esperar, comecei finalmente a viver.

Escrever

Escreva. Como diz Paulo Coelho em Maktub, escreva mesmo que ninguém leia, mesmo que leiam o que não era pra ser lido. Concordo com ele em suas colocações, escrever ajuda a ordenar os pensamentos e a expressar emoções, coisas vitais nesse mundo caótico em que vivemos, muitas vezes presos a uma rotina esmagadora, onde o tempo vira artigo de luxo. Não há tempo pra pensar, tudo é pra ontem. Não há tempo pra se envolver, porque no próximo minuto não estaremos mais nesse lugar. No final, acabamos ficando sem tempo pra viver.

Escrever sempre fez parte da minha vida e eu percebo claramente que as palavras ficam martelando a mente com mais afinco justamente quando as emoções estão à flor da pele. Não é fácil traduzir as emoções em palavras, mas esse não é o objetivo. As palavras brotam quando o coração está mexido e ordenar as palavras equivale quase que a ordenar as emoções. Elas vão brotando e algo lá dentro se assenta, sossega. E tempos depois, quando são relidas, chegam a causar espanto tamanha a carga emocional que carregam. Tem certeza que isso veio de mim?

Escrever sobre o que nos aflige traz conforto, ainda que seja uma exposição. Não interessa se algum dia as palavras serão lidas, porque esse tampouco é o objetivo. Simplesmente não importa. É como se elas precisassem sair, tomam vida própria e nós viramos meros instrumentos. O importante é que o balance final é positivo, elas tomam o seu caminho e o coração serena. A mente esvazia, a paz retorna e nos sentimos melhores.

Escrever nem sempre terá como objetvo transmitir uma mensagem, ainda que isso mais cedo ou mais tarde acabe acontecendo. Em algum momento alguém vai ler aquelas palavras e vai ser tocado de alguma forma, ainda que seja mínima. E isso faz toda a diferença. Eu acredito piamente que são os textos, os livros que nos escolhem, e não o contrário. Quantas vezes compramos um livro e só conseguimos lê-lo tempos depois, e "por acaso" a mensagem é a que estávamos precisando ouvir naquele momento. Ou procurando algo na internet nos deparamos com outra coisa sem relação nenhuma com a primeira, e que nos chega no momento certo.

Eu nunca subestimo o pode das palavras. Nem como elas chegam até nós, seja para escrever, seja para ler. Só é preciso prestar atenção e se deixar levar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Lua Cheia

O pequeno adora procurar a lua no céu. No carnaval havia só um pedacinho dela, e ainda assim ele a achou. Então hoje de manhã fomos até a varanda e ele ficou maravilhado.
- A luuuua... Olha mamãe, ela tá gande. Papou tudo, né?

É filhote, quem papa tudo fica grande! Mas você ainda vai ser meu menino médio por bastante tempo!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Luz que vem de dentro

Não deixa de me surpreender a velocidade com que as coisas mudam. O que um dia era ora pesar ora ansiedade, acaba por se transformar em um mar de quietude. E não há nada melhor que se permitir acalmar a alma. Os tropeços acontecem e os rompantes continuarão existindo, mas tal como um lago, somente as águas mais superficiais se alteram, as mais profundas permanecem quietas, cientes de sua condição.

Depois de uma verdadeira torrente de emoções, uma montanha-russa de sentimentos capazes de levar qualquer um à loucura, finalmente posso dizer que meu coração está em paz. Não por ter conseguido controlar e administrar fatores externos, mas por ter entendido a si mesmo. E a sensação é incrível! É como se de repente eu me visse dona de mim e não importasse o futuro. Não que ele não seja importante, mas porque ele está lá na frente, e não há nada que eu possa fazer em relação a isso hoje. Tudo o que sei é onde estou agora, quem quero ter ao lado e se quero ou não permanecer aqui. Do amanhã nada sei.

Então, em vez de continuar me debatendo entre coisas que fogem completamente ao meu alcance, prefiro permanecer no centro, vivendo intensamente essa força que eu acredito ser Amor. Porque a plenitude é grande demais para que eu consiga sequer imaginar que o que eu sinto possa ser qualquer outra coisa.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Andando pela rua

A Voluntários me lembra você.

Alguns lugares evocaram lembranças tristes, mas também houve uma pitada de felicidade pelos momentos compartilhados. Ou será que foi melancolia? Percebi que há bem mais de você em mim do que eu pensava, do que eu quisera.

Pensando bem, tanto tempo e nossos caminhos sempre se cruzam, assim de vez em quando. A gente sempre acaba se esbarrando. Tudo bem, bastante disso também é por minha causa, entrona que sou, confesso. Um dia tomo coragem e te dou um empurrão de verdade. Desses que não vai ter como você não notar. Mas em outra vida, quem sabe. Nessa eu precisaria bem mais que dois copos de vinho.

Seria mais fácil...

Seria mais fácil se tivéssemos uma bola de cristal para saber como as coisas são de verdade, como o mundo funciona, como as pessoas funcionam.

Seria mais fácil se tivéssemos um botãozinho on/off para as nossas emoções, tudo conrolado, tudo certinho, nenhum desajuste.

Seria mais fácil se os outros nos aceitassem como somos, apesar de pensarem diferente de nós.

Seria mais fácil se conseguíssemos nos entender sem precisar ficar repetindo as coisas ou explicando, como se nossa emoção simplesmente fluisse na direção do outro e fosse completamente absorvida, sem mal-entendidos, exatamente como as sentimos.

Seria mais fácil se nos conhecessemos o suficiente para saber até onde podemos ir e com quem, identificar nossos limites e os dos outros, para não transgredir fronteiras nem ir contra nós mesmo.

Seria mais fácil se parássemos de lutar contra nós mesmos e contra o mundo, essa guerra silenciosa que travamos todos os dias e que só nos desgasta, da qual ninguém nunca sairá vencedor e da qual a derrota de cada dia nos joga um pouco mais fundo no limbo de nossa própria existência.

Seria mais fácil se nos aceitássemos como somos, sem tentar encarar o mundo com uma máscara, seja para não sofrer, seja para que não percebam que somos humanos e temos defeitos. Porque uma hora ou outra as máscaras caem, os defeitos aparecem e se magnificam, destruindo tudo o que foi construído sobre uma base tão tênue e que jamais se sustentará.

Seria mais fácil se efetivamente aprendessemos com nossos erros. Se deixássemos de repetir padrões destrutivos de comportamento. Se nos permitíssemos a simplicidade.

Seria mais fácil se nos permitíssemos viver com mais sinceridade. Com menos cautela. Com mais amor.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Dia de cão

Tem dias que dá vontade de gritar pro mundo pára tudo que eu quero descer!! Ainda bem que ninguém te escuta, assim fica mais divertido. Acho que é o calor que altera o sangue das pessoas. Igual que nos países nórdicos a galera se suicida porque não faz sol e todo mundo morre de frio, aqui as pessoas se descontrolam e terminam o dia berrando pela janela aberta de um carro no meio da rua. Vou acabar mais sozinha do que já estou...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Propriedade Privada

A moça que me ajuda aqui em casa uma vez por semana se chama Silvia. O pequeno a chama de "Silva", pois ainda não consegue vocalizar todas as palavras corretamente.

Eis que outro dia o vovô estava ensinando a ele seu nome completo - no dia em que aprender a escrevê-lo por inteiro corretamente, já estará apto a prestar vestibular! Como bom brasileiro que é, seu último sobrenome é da Silva. E quando o avô terminou, ele franziu o cenho e disse indignado, com muita convicção:

- "Da Silva" não, vovô, da mamãe!!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Usando o passado como base

Conforme amadurecemos, vamos aprendendo com a vida e as experiências a guiar nossos passos futuros com um pouco mais de segurança (!). Porque amadurecer é isso, tentar e errar. Aprender.

O perigo aparece quando identificamos uma situação similar a alguma outra que já vivemos no passado e para não sofrer de novo, recuamos. Acontece que as pessoas envolvidas não são as mesmas, as circunstâncias não são as mesmas, eu mesma não sou a mesma!

Ter medo é normal. Se não há medo, não há coragem. Deixar o medo tomar conta implica possivelmente não viver a melhor coisa que poderia ter acontecido nessa vida. Ou não.

Estou pagando pra ver.

Um pouco de mim

Surtei, e peço desculpas pela explosão.
Não quero te esquecer.
E vou continuar aqui até que você me diga o contrário.
Com todas as letras.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Caindo na real... Por favor, não me levanta!!

Não quero mais meias-palavras ou verdades ditas pela metade. Se é pra ser, que seja por inteiro. A dúvida me divide e me consome, me faz perder os sentidos, me aproxima da loucura, e eu não quero mais trilhar esse caminho que conheço tão bem e que há muito deixei para trás. Tenho ao meu redor tudo o que me mantém sã, com os pés no chão, mas basta uma palavra tua, o cheiro do teu perfume, para eu não prestar atenção em mais nada e perder completamnete a razão. Eu não quero viver assim. Eu não posso. Você me embriaga, e a ressaca que vem depois é dura demais, a realidade é dura demais, e dói. Dói muito. Dói muito imaginar que quem sabe em um universo paralelo você me veja com outros olhos, quem sabe lá você realmente me enxergue. Porque aqui você só vê o que está na sua frente, não faz idéia do que vai dentro. Mas não é culpa tua. A culpa é minha e não te dou. Essas coisas quase nunca são como queríamos que fosse, é uma loteria. E que puta inveja dos ganhadores! Só que quando me convenço de o mundo é como é e que às vezes a gente perde, vem você e me faz acreditar de novo que nenhum sonho é de todo impossível e faz brotar em mim a esperança que eu tento desesperadamente arrancar pela raiz. Isso não é justo! E não se atreva a se aproveitar da pouca emoção que eu te causo pra cativar outras pessoas, porque caso ninguém nunca tenha te contado, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"! Então se você quer sair por aí cativando, por favor, me deixa quieta. Não precisa prestar muita atenção em mim, eu vou ficar legal. Pelo menos vou ficar melhor que agora. E vou te esquecer. Prometo.

Descabele-se

Li esse texto no blog de uma amiga e adorei. Não sei quem escreveu, por isso não coloco os créditos, mas seja quem for, conseguiu captar tudo o que vai por dentro de uma mulher que se permite ser feliz com as pequenas coisas, que não cria rótulos para os outros nem para si mesma, que sabe que a vida passa muito rápido para perder tempo se preocupando com coisas que não fazem muita diferença, que sabe dar a devida importância ao que realmente é importante, que se ama, que ama a vida que escolheu para si, que ama as pessoas que compartilham essa vida com ela, que consegue sentir prazer pelo simples fato de estar viva! - eu juro que tento fazer tudo isso... E como viver - viver de verdade - descabela, aproveitem o texto!

"Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade. O mundo é louco, definitivamente louco! O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro. O sol que ilumina o teu rosto enruga. E o que é realmente bom dessa vida, despenteia...

- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível...

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado... Mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida. É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir. Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora. O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria... e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz? Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenha que me sentir bonita? A pessoa mais bonita que posso ser!

O único, o que realmente importa, é que ao me olhar no espelho eu veja a mulher que devo ser. Por isso, minha recomendação a todos que amo: entreguem-se, comam coisas gostosas, beijem, abracem, dancem, apaixonem-se, relaxem, viajem, pulem, durmam tarde, acordem cedo, corram, voem, cantem, arrumem-se para ficar lindas, arrumem-se para ficar confortáveis! Admirem a paisagem, aproveitem, e, acima de tudo, deixem a vida despentear vocês! O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, vocês precisem se pentear de novo..."

Ótimo texto, né?? Na minha opinião, tudinho verdade!!
Porque não tem nada melhor que ser cúmplice de você mesmo se penteando de novo na frente do espelho!!


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Chá no café

Cozinha da vovó, sábado de manhã cedinho. Entramos, e ela se encontra com uma xícara na mão, tomando seu café da manhã. Apontando para a xícara, ele pergunta:
- É café vovó, é? - ele adora café!
- Não meu bem, é chá.
Depois do olhar intrigado, ele junta as mãozinhas no peito e dispara:
- Chá... to?
Gargalhada.
E a vovó explica:
- Não querido, só chá.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Tempo com os filhos

Hoje fui andar de bicicleta na Lagoa e fiquei surpresa com a quantidade de famílias, papais e mamães que andavam por ali com seus pimpolhos. Alguns vestiam seus "trajes" de esporte, mas sempre com as crianças por perto. Outros passeavam alegremente comversando e admirando a vista. Um pai se limitava a ler o jornal apoiado no carrinho enquanto o rebento dormia.

Mas da mesma forma que isso me deixou feliz, também pude constatar a imensa quantidade de babás passeando com crianças cujos pais certamente tinham algo mais importante para fazer do que estar ali com elas. Sim, porque as babás são facilmente identificáveis, vão sempre vestidinhas de branco. Me pergunto o que há de tão importante num sábado de manhã cedinho, com um céu lindo como o que tínhamos hoje, que impedia esses pais de estarem com seus filhos. Nem trabalho justifica, porque de que serve trabalhar tanto se você não pode nem passear com seu próprio filho? Fora que, se alguém pode se permitir ter uma babá, com certeza pode também se dar ao luxo de desfrutar da companhia de sua criança. Porque então, de que vale ter filhos?

Não pretendo julgar ninguém, cada um sabe o que faz com sua própria vida. Mas quando decidimos ter filhos, nossa vida passa a não ser mais só nossa, e é egoismo continuar pensando da mesma maneira e continuar a fazer as mesmas coisas. Um filho muda a sua rotina, a sua cabeça, seu mundo inteiro, e você tem que aceitar isso. E abraçar isso. Porque não tem nada mais gostoso que acompanhar as etapas de um filho nem nada mais triste que olhar para o lado e ver de repente que seu bebê cresceu, e você não estava ali.

(500) days of Summer

Living my "Summer"time...