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sexta-feira, 19 de março de 2010

Escrever

Escreva. Como diz Paulo Coelho em Maktub, escreva mesmo que ninguém leia, mesmo que leiam o que não era pra ser lido. Concordo com ele em suas colocações, escrever ajuda a ordenar os pensamentos e a expressar emoções, coisas vitais nesse mundo caótico em que vivemos, muitas vezes presos a uma rotina esmagadora, onde o tempo vira artigo de luxo. Não há tempo pra pensar, tudo é pra ontem. Não há tempo pra se envolver, porque no próximo minuto não estaremos mais nesse lugar. No final, acabamos ficando sem tempo pra viver.

Escrever sempre fez parte da minha vida e eu percebo claramente que as palavras ficam martelando a mente com mais afinco justamente quando as emoções estão à flor da pele. Não é fácil traduzir as emoções em palavras, mas esse não é o objetivo. As palavras brotam quando o coração está mexido e ordenar as palavras equivale quase que a ordenar as emoções. Elas vão brotando e algo lá dentro se assenta, sossega. E tempos depois, quando são relidas, chegam a causar espanto tamanha a carga emocional que carregam. Tem certeza que isso veio de mim?

Escrever sobre o que nos aflige traz conforto, ainda que seja uma exposição. Não interessa se algum dia as palavras serão lidas, porque esse tampouco é o objetivo. Simplesmente não importa. É como se elas precisassem sair, tomam vida própria e nós viramos meros instrumentos. O importante é que o balance final é positivo, elas tomam o seu caminho e o coração serena. A mente esvazia, a paz retorna e nos sentimos melhores.

Escrever nem sempre terá como objetvo transmitir uma mensagem, ainda que isso mais cedo ou mais tarde acabe acontecendo. Em algum momento alguém vai ler aquelas palavras e vai ser tocado de alguma forma, ainda que seja mínima. E isso faz toda a diferença. Eu acredito piamente que são os textos, os livros que nos escolhem, e não o contrário. Quantas vezes compramos um livro e só conseguimos lê-lo tempos depois, e "por acaso" a mensagem é a que estávamos precisando ouvir naquele momento. Ou procurando algo na internet nos deparamos com outra coisa sem relação nenhuma com a primeira, e que nos chega no momento certo.

Eu nunca subestimo o pode das palavras. Nem como elas chegam até nós, seja para escrever, seja para ler. Só é preciso prestar atenção e se deixar levar.

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